Com a chegada esperada do 5G ao país, as dimensões física e digital serão potencialmente ainda mais integradas. O caminho tem sido longo. O mundo deverá alcançar um bilhão de conexões até o fim deste ano, nos países que já operam a tecnologia. Projeções indicam que até 2025 uma em cada quatro conexões móveis no mundo utilizarão a quinta geração da internet móvel, que trará transformações para o varejo no curto e longo prazos.
“Nesse momento, o foco para o setor ainda é estruturar operações físicas e digitais da melhor forma e buscar a integração possível dessas dimensões. Mas, no futuro, poderemos chegar a um momento em que estas duas experiências acontecerão juntas e misturadas, não haverá mais uma real e outra virtual”, explica Olegário Araújo, Cofundador da Inteligência360 e pesquisador do Centro de Excelência no Varejo da Fundação Getúlio Vargas (FGV).
Araújo foi o moderador do primeiro da série de cinco [n]GIC Amplia WebTalk[/n] deste ano. O webinar que ocorreu hoje, dia 17 de março, teve como tema central o [n]Varejo do Futuro, Estratégias para Integrar o Ambiente Físico ao Mundo Digital[/n]. O evento foi voltado para varejistas e toda a cadeia de abastecimento. A série GIC Amplia WebTalk foi lançada em 2021 pela área de Educação Corporativa da GIC Brasil, empresa de inovação e tecnologia voltada ao varejo alimentar.
Depois de dois anos de atrasos sucessivos, o leilão do 5G no país saiu finalmente em novembro de 2021. A quinta geração da internet móvel movimentou R$ 47,2 bilhões, informou a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações). A maior parte será usada em investimentos e a estimativa é de que as operações no 5G sejam deflagradas em peso no início do segundo semestre de 2022. Enquanto a implantação das redes da quinta geração segue em evolução, já se começa a discutir o 6G, novo patamar que ganha o apelido da “internet dos sentidos”. Mas isso é algo mais para frente. Há muito o que fazer no 5G até lá.
O especialista explica que a quinta geração da tecnologia móvel trará mais velocidade e abrirá novas possibilidades para o comércio. O números são superlativos. O número de operadoras móveis com redes 5G praticamente duplicou entre 2020 e 2021, alcançando um total de 200 ao nível internacional. Juntas, as operadoras deverão investir US$ 600 bilhões até 2025 no mundo. Deste total, 85% serão carreados para a nova tecnologia.
Araújo destaca que as transformações serão inevitáveis. Ele cita que consumidores dentro da loja física poderão navegar de forma extremamente veloz, relacionando-se pelo smartphone com a própria rede de varejo em que está. A loja poderá estabelecer diálogos sobre as preferências do comprador, formatar ofertas sob medida para o perfil do comprador e estabelecer uma conversa com o shopper. Conhecer o cliente e seu comportamento torna-se ainda super estratégico nesse ambiente.
Este é apenas um dos exemplos dos ganhos que o 5G promoverá. Os varejistas de supermercados poderão operar suas unidades com mais eficiência. Inúmeras funções serão automatizadas de forma eficaz. A tecnologia abrirá espaço para alavancar a produtividade dos colaboradores, com o efeito colateral positivo de liberá-los para a atividade nobre do comércio: atender o cliente agregando maior valor ao serviço prestado.
Soluções automatizadas na cadeia de suprimentos, acesso em tempo real a dados, gerenciamento preditivo de estoques e a utilização da robótica no chão de loja também serão impactadas com a nova tecnologia. Junto a isso, somam-se o monitoramento automático de abastecimento, funcionamento de sensores de movimentação dentro das lojas, sinalização digital de preços, numa orquestração mais precisa e altamente assertiva.
Os investimentos do varejo no 5G aperfeiçoarão a vivência do cliente, tanto no online quanto na loja física. Toda operação se beneficiará pelos recursos destinados a sistemas de dados, análises da loja, assim como as estratégias envolvendo a internet das coisas (IoT) e visão computacional (computer vision). A atual tendência do metaverso também será exponencialmente impactada com a nova forma de conectividade.
O acesso tem tempo real e a capacidade do processamento de dados levarão o varejo a patamares hoje desconhecidos. A conectividade confiável tornará dinâmica a integração física ao virtual. De qualquer forma, e apesar dos novos desenvolvimentos, a experiência de ir às compras se manterá, alerta o especialista. “Somos seres relacionais. Ir às compras é mais do que comprar pura e simplesmente. Tende ser o momento que tem um significado, que todos iremos ter dentro de lojas”, avalia Araújo.
Por: Nilson Brandão / CONTEÚDO EVOLUTIVO