A avenida do e-commerce se encontra com o fluxo das lojas físicas na esquina da inovação. Justamente aí, os mundos concreto e digital levam ao consumidor o melhor da experiência de cada um. Explica-se. Diante do uso progressivo da tecnologia no varejo alimentar, grandes redes investem firme na digitalização de operações. Sucessivos cliques em um celular ou notebook geram a compra e recebimento de produtos sem sair de casa. Mas para os consumidores que gostam à rua fazer as compras, os avanços integram aqueles dois mundos.
Gigantes do mundo tech transferem tecnologia para lojas físicas. Uma loja recém-reformada do Whole Food Market em Washington (EUA) mostra como a Amazon se envolveu na experiência de compras de supermercado. Diferente da operação anterior na unidade, desde o mês passado clientes podem iniciar as compras oferecendo a palma da mão para leitura digital que remete diretamente a sua conta na Amazon. Produtos retirados das gondolas são automaticamente registrados sob olhar de inúmeras câmeras digitais espalhadas no teto. Tudo escolhido, ele pode sair sem a preocupação de passar pelo check out: numa questão de tempo, o recibo digital chega por email, com tudo o que comprou.
O conceito chama-se “Just Walk Out” (Apenas Saia, no português). Isso porque, feita a coleta de produtos, o cliente sai da loja, sem enfrentar filas de pagamento. Além de escanear a palma da mão, o cliente pode também utilizar um QR code para acessar sua conta na Amazon ao entrar na loja. A nova unidade do Whole Food continua oferecendo check outs para os clientes que preferem passar e pagar as próprias compras. Um sinal de que a tecnologia não dita sozinha as tendências de consumo. Ao contrario, acompanha e responde prontamente ao comportamento e interesses do consumidor.
Fundado em 1980, o Whole Food trabalha com produtos naturais e vegetarianos. A Amazon comprou o controle da rede por US$ 13 bilhões há cinco anos. A empresa de tecnologia também detém as redes de varejo físico Amazon Fresh e Amazon Go Grocery. O conceito Just Walk Out” foi introduzido inicialmente em meados do ano passado, numa unidade da Amazon Fresh. O então presidente de Varejo Físico e Tecnologia, Dilip Kumar, conta que trazer a tecnologia para um supermercado mostrava que a tecnologia pode ser escalada para se adaptar a novos ambientes. E ajudar clientes a fazer compras de forma simples e rápida.
“Você gostaria de fazer login com a palma da mão?”, tem sido a pergunta de funcionários do Whole Food aos clientes que chegam na loja recém-inaugurada. Como nos filmes futuristas, o consumidor passa a palma da mão sobre o leitor da catraca para entrar na mercearia. A automação foi testada pela Amazon por mais de quatro anos antes de ser lançada. Os movimentos são capturados por câmeras, que seguem o cliente durante sua experiência de compra, e sensores. Existe o compromisso legal de não usar vídeo e outras informações de clientes para publicidade.
Para verificar a assertividade do sistema, uma jornalista do New York Times fez um teste. Pegou um abacate orgânico e colocou junto a uma pilha de abacates não orgânicos. Seguiu para outros setores da loja, coletando produtos. Voltou a seção de frutas e pegou o abacate orgânico que havia sido posto por ela, propositalmente, no lugar errado. Ao sair, passou a mão sobre a roleta de acesso, curiosa por saber que abacate seria registrado quando recebesse o recibo digital. Em casa, constatou no email que havia demorado 32 minutos e 26 segundos na compra e que o abacate orgânico foi cobrado corretamente. Toda a experiência foi registrada como se estivesse em um Big Brother da televisão.
Por: Nilson Brandão / CONTEÚDO EVOLUTIVO