O comércio online segue batendo recordes no País. Cresceu acima de 30% no primeiro semestre deste ano no País e os principais motivos do avanço são não sair de casa para fazer compras (73%), promoções (52%), economia de tempo (47%), rapidez na entrega (38%) e facilidade de uso (35%), conforme pesquisa recém-divulgada pela Ebit Nielsen. Os dados mostram o vigor da atividade e evidenciam que, para além do dilema de vendas físicas e digitais, os dois mundos parecem integrar-se cada vez mais, com todos os riscos e oportunidades envolvidos.
Apesar da força das vendas e da performance de dentro para fora do varejo, uma série de desafios continuam em aberto da porta para dentro das operações digitais. O fenômeno é mundial e afeta em cheio o varejo alimentar. Como estruturar o pedido digital de forma ágil e precisa? Como gerenciar os colaboradores no preparo das encomendas virtuais? Qual a melhor forma de calibrar o ressuprimento de produtos nos espaços de armazenagem de itens para o delivery? Empresários e especialistas miram a tecnologia como fonte de respostas.
“O futuro do varejo online está em constante evolução. Nunca chegaremos realmente ao estado final. As tecnologias que são incipientes ou caras hoje continuarão a evoluir e se tornarão mais acessíveis. As expectativas do consumidor continuarão a aumentar, alimentadas por novos experimentos, como a on-demand delivery (entrega sob demanda), que está recebendo enormes níveis de capital de risco”, explica o diretor de Varejo Global da Bain & Company, Marc-André Kamel. Os dados da consultoria mostram a mudança veloz de hábitos de consumo, que deverão prosseguir nos próximos anos.
Livros sobre o varejo publicados este ano aprofundam estudos sobre o tema. “O mundo físico reflete o mundo virtual, e vice-versa. É dinâmico. Sem a capacidade de manter funcionais os estoques, depósitos comuns ou dedicados como as dark stores sem a etapa essencial do picking, que localiza e separa mercadorias, apenas para citar aspectos principais, não há venda digital”, registra o livro Os rumos do varejo no século XXI, Pandemia e Transformação, que integra a coleção Varejo em foco, lançada em agosto pela Editora Poligrafia.
Autor do livro, o empresário Irineu Fernandes conta que o desafio passa a ser, a partir de agora, integrar os mundos físico ao virtual de forma eficiente e lucrativa. Ele explica que o bom funcionamento da retaguarda física do comércio online é fundamental para o sucesso dos pedidos iniciados via sites, aplicativos ou outra origem digital, junto à logística adequada, entrega rápida e precisa das encomendas. Fernandes trabalha há quase 50 anos no setor de tecnologia e há 20 anos fundou a GIC Brasil, que desenvolve soluções para o varejo alimentar.
Com base nas tendências identificadas, a empresa lançou este ano o sistema MESK, que operacionaliza toda a operação física envolvida depois da interface do cliente. O sistema permite a gestão automatizada de etapas do varejo alimentar como o recebimento de mercadoria, armazenagem de produtos, separação de itens, ressuprimento de mercadorias, expedição das encomendas e inventário de estoque. O novo sistema padroniza processos, cria roteiros para o picking (coleta e separação de produtos), organiza a força de trabalho e dinamiza o fluxo interno.
Combinar a melhoria constante da experiência do consumidor com a lucratividade do negócio exige foco. Principal jornal europeu de economia e negócios, o Financial Times, deu a prestigiosa Big Read, ao desafio: Por que os supermercados estão lutando para lucrar com o boom da operação online. Os dados informam a pressão dos novos tempos: “No Reino Unido, o comércio eletrônico levou duas décadas para ir de zero a 7% do total das vendas de alimentos. Em seguida, passou de 7% para 13% em cerca de oito semanas”, informa o artigo, publicado pelo jornal em julho de 2020.
Os desafios prosseguirão para o varejo alimentar nos mercados nacional e internacional. A quinta edição da Live Supermeeting ABRAS (Associação de Supermercados Brasileiros) reuniu executivos da indústria e do varejo, em torno do assunto e das perspectivas para o segundo semestre deste ano. Nos próximos dias 20 e 21, acontece a Convenção ABRAS 2021 e um dos temas será o uso de uma plataforma de negócios setorial. “Para acompanhar os novos hábitos de consumo e atender às demandas do mercado, a ABRAS discutirá o uso de marketplace pelo setor a partir da filosofia da coopetição, cooperação entre competidores”, informou a ABRAS.
Por: Nilson Brandão Jr. – Conteúdo Evolutivo